Falar sobre a obra de Eugênio Paxelly, para mim, é motivo de imensa satisfação. São poucos, os Artistas Contemporâneos, que desafiam uma pesquisa constante no processo estético, são poucos que surgem de uma formação autodidata capazes de enfrentar desafios técnicos tão diversos e superá-los, etapa por etapa, até os limites da perfeição. Considero Paxelly, um exemplo sem comparação na Arte Pernambucana hoje, um artista que leva a sério a arte independente de ismos, com uma extraordinária liberdade de expressão e domínio técnico. Quando trabalha a pedra para uma escultura ou começa um desenho, que poderá se transformar em um quadro, vivencia o processo com muita profundidade, enaltecendo a significância do conteúdo estético, no desenho ou nos primeiros cortes da pedra, parece realizar uma alquimia de transformação, às vezes, lembrando o gênio Miguel Ângelo, quando buscava descortinar o espírito que já havia se incorporado à pedra ou ao papel do desenho. Vejo na obra de Paxelly, uma força estética segura, inabalável, compõe e recompõe signos, figuras que se direcionam ao observador, como se saíssem da tela, criando um diálogo imediato. Um discurso que faz o leitor viajar por etapas no espaço do seu ambiente imaginário, entrelaçando conteúdos atemporais, símbolos da sociedade e do inconsciente humano. A liberdade com que ele cria a sua obra, a sua capacidade artística e experimentação, o seu ímpeto de trazer à luz dos olhos a magia da criação, são extremamente particulares, existe muita força de personalidade em seu trabalho. Este artista sempre esteve muito longe de cair nas garras da sedução modista dos aventureiros, da dita corrente contemporânea, pois tem uma maturidade e individualidade artística, que sempre o leva ao completo discernimento conceitual, sua contemporaneidade artística é fruto da sua ação original e não dos pastiches, como vemos nas marionetes das bienais atuais. Considero Eugênio Paxelly, um exemplo da Arte Contemporânea Pernambucana, sua obra tem o meu respeito e admiração, pois é um trabalho que neste momento, conquistaria facilmente qualquer galeria da Europa. Hoje é muito difícil encontrarmos artistas plásticos livres do instinto de rebanho, que atua no inconsciente e na criação artística, estimulando o plágio de obras de grandes eventos e bienais, copiando integralmente Duchamp, Miró, Bacon, Tapies, Cornell, Baumgarten e muitos outros. A mediocridade da repetição de conteúdos assombra a mente dos vanguardistas de hoje, a arte conceitual tornou-se apenas pura imitação, é uma pena! Se tivéssemos que distinguir em nosso meio artístico verdadeiros valores da arte atual, teríamos poucos nomes, pois a originalidade em nossa época não é para muitos. Por outro lado, se tivéssemos que falar de autênticos artistas contemporâneos, que atuam com plena liberdade de criação, obviamente, teríamos que citar: Eugênio Paxelly.
Fernando Lúcio
Recife,
25 de julho de 2005
domingo, 27 de abril de 2008
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